Quais foram as bases de referência para criação do
livro Corte de Espinhos e Rosas?
No primeiro e segundo
livro da série ACOTAR é possível perceber o desenvolvimento do relacionamento
entre os personagens Feyre e Tamlin, o que alguns leitores também puderam
observar é a semelhança da sua história com a de Bela e Fera.
A história original engloba
mais uma moral de perdas e ressentimentos de uma mulher adulta, enquanto em
ACOTAR a autora prende-se mais no ponto do romance entre duas pessoas. Em uma
primeira versão de Bela e a Fera podemos ter destaque na história entre uma
mulher rejeitada, cuja era uma fada experiente tendo interesse em um jovem
bonito, porém, ele não a escolheu no final de tudo. Essa semelhança fica
presente na história entre Tamlin e Amarantha, obviamente com um enredo
diferente, mas que ainda possui suas desavenças, e o feitiço jogado contra ele.
Outro tópico marcante
da história é o erotismo presente nos livros, ver além das aparências dos
personagens, finalizando com a imagem que temos atualmente do enredo de Bela e
a Fera, que se baseia no romance entre os mocinhos. Ambos passam por muitas
mudanças em sua vida, mas também vimos o quão longe esses dois chegaram para
atender senão as próprias vontades, assim como as vontades do seu parceiro.
O que muitos não
sabem é que o conto de A Bela e a fera teve algumas releituras, aqui vamos
citar as 3 principais versões e você entenderá as relações com os contos.
- A
versão mais antiga de A Bela e a Fera foi escrita por Gabrielle-Suzane
Barbot em 1740. Nesta versão, a Fera foi um príncipe, que ainda jovem
perdera seu pai. Aos cuidados de uma Fada, deixado por sua mãe enquanto
lutava, acabou se tornando alvo de desejos da Fada. O jovem príncipe se
recusando a aceitar as investidas da Fada, foi amaldiçoado (lembra quando
Amarantha foi rejeitada?) tornando-se uma fera bestial. A maldição poderia
ser quebrada caso uma mulher, por vontade própria, se relacionasse
sexualmente com a fera. A Bela por sua vez, era a filha (adotiva) caçula
de um simples mercador, o qual acabou ficando em dívida com a Fera, e o
preço a pagar pela dívida era que Bela fosse ficar com a Fera. Assim como
Feyre, a Bela neste conto passou dias fazendo suas refeições e se
esquivando dos sentimentos e avanços do “anfitrião”, até que em uma noite
ela cedeu e se deitou com a Fera.
- Em
1757, a versão de Gabrielle-Suzane Barbot foi reescrita e
modificada por Jeanne-Marie Leprince. Nessa versão adaptada, um
mercador riquíssimo perdeu toda sua fortuna e foi viver num campo em meia
pobreza com suas três filhas. As duas filhas mais velhas gostavam de
ostentar em luxos e quando decaíram na miséria, se sentiram injustiçadas e
sentiam repulsa pela situação de pobreza, descontado todas suas
frustrações em Bela, assim como Nestha e Elain faziam com Feyre. Aqui, a
Fera pede uma das filhas, para pagar a dívida do mercador, as duas irmãs mais
velhas não aceitaram então restou a Bela a tomar o fardo. Porém, como
Tamlin fez com a família de Feyre, a Fera deu ao mercador baús cheios de
riquezas. Bela por sua vez presa nos domínios da Fera, assim como Feyre,
foi tratada com esmero sendo bem alimentada e bem tratada pelos
moradores. Contudo, com saudade da família, a Fera a liberou para visitar
a família, com a condição de que voltasse em uma semana. Feyre neste caso,
voltou por ordens e do medo de Tamlin, ele teve medo que Amarantha fizesse
algum mal a Feyre. A versão da Bela, ela voltou por ter sonhado que a Fera
estaria morrendo com a falta dela. Feyre por sua vez, retornou para
resgatar e salvar Tamlin.
- Na
versão mais conhecida da Disney de 1991, as semelhanças com ACOTAR
estão presentes a maldição com limite de tempo pré estabelecido, os
membros da corte que ficaram presos em máscaras, como os do castelo as
Fera se tornaram objetos. Os mais marcantes são Alis, fazendo o papel de
Samovar, o bule de chá que é mãe de Zip e Lucien acaba representando uma
junção de Lumière e Cogsworth. Há também a passagem em que Feyre tenta
capturar o Suriel e acaba sendo atacada pelos naga, a qual lembra bem
quando Bela foge do castelo e é cercada pelos lobos e a Fera vai ao seu
encontro para ajudá-la.
ACOTAR E SUA RELAÇÃO ÀS CRENÇAS E CULTURA CELTA
| by: Faéria, Amino |
Em ACOTAR os personagens intercalam entre seres Feéricos e humanos. Há
repúdio e ódio presente entre os humanos e feéricos em sua maioria. Isso pode
ser explicado se levarmos em consideração a crença e cultura Celta como fonte
de conhecimento e existência dos feéricos.
Os feéricos podem ser classificados previamente em dois grupos, sendo os
sociáveis e os solitários. Os sociáveis, são aqueles que se relacionam com
humanos, podendo até mesmo haver casamentos entres humanos e feéricos. Os
solitários, são os que repudiam qualquer tipo de contato humano. Em ACOTAR,
vemos os feéricos que possuem aversão aos humanos, tanto que os humanos eram
escravos deles, em exceções, haviam aqueles que se relacionavam e gostavam de
humanos.
Não diferente, entre
os humanos há também marcas de repúdio pelos feéricos, como o cristianismo se
propagou pelas terras místicas, os feéricos foram classificados como seres
demoníacos por serem contrários as crenças da “Igreja Cristã”. Sendo assim,
qualquer humano que tivesse qualquer tipo de vínculo com um feérico, poderia
ser morto, aumentando o medo e ódio entre humanos pelos seres místicos. No
livro, o repúdio é claro pelo medo que os humanos tem aos seres místicos por
terem forças sobrenaturais ao seu favor e pelo histórico de escravismo humano.
Como apresentado na
história, segundo a cultura celta, existem vários tipos de criaturas feéricas,
podendo ser boas, más ou até mesmo indiferentes. Essas variedades também se
estendem às características físicas, assim como presente no livro, existem
feéricos de diversas formas físicas. A principal base para dizer se um feérico
é bom ou não, seria a trilha (conexão) na Natureza. Em ACOTAR, havia também
classificação dos feéricos e da natureza de seus poderes, cada qual possuía
algo diretamente ligado à sua linhagem ou conexão na Natureza.
Colaborou: May, Tay, Kalista Lopes
Mas e aí, conhece
mais alguma referência que deu inspiração para criação do universo de ACOTAR? Gostaria da parte 2 contando mais sobre esse universo? Conte aí nos
comentários.
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Que trabalho de pesquisa mais interessante.
ResponderExcluirEu amei o texto, e todo o respaldo sobre a obra. Quando li eu já sabia que se tratava de um reconto da bela e a fera, mas não sabia a abordagem da cultura celta na obra. E até acho que a Sarah J Mass fez isso super bem. Ela tem uma criação de mundo muito bom né ?
Adorei o post
Eu já sabia que Corte de espinhos e rosas era inspirado em A Bela e a Fera, mas eu não encontrada tantas semelhanças. Até porque eu só conhecia versão da Disney. Agora eu consigo ver muito mais semelhanças e como foi material de inspiração. E a parte dos personagens, como o Lucien e a Alis eram parecidos com Samovar, Lumiere e outros personagens.
ResponderExcluirQuando eu li acotar eu achava que a autora tinha criado os feericos kkkkkkkkkk, eu nunca tinha ouvido falar. Depois que eu descobri que eles já existiam. Também não conhecia absolutamente nada sobre a cultura celta.
Amei o post!
Lendo o post, o livro realmente parece ter uma bagagem espetacular quanto a cultura!
ResponderExcluirÓtimo post! É perceptível a dedicação para com a pesquisa das informações.
ResponderExcluirUma das coisas que mais gosto em relação a livros de romance/fantasia, é a cultura incrustada em cada pedacinho da história. Desde detalhes mínimos como a cor dos olhos e cabelos, às que se mostram de modo gritante, como rituais antigos, desenhos na pele e o apego a crença ancestral.
ResponderExcluirParabéns pela pesquisa, sei que dá trabalho.
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